segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Presente de Casamento

Neste feriado tive a alegria de participar de um dos casamentos mais lindos que já ajudei a fazer... na verdade os noivos fizeram praticamente tudo, mas estive presente na escolha do vestido da noiva, do sapato e de parte da decoração... 

A emoção já começou na montagem dos beijos quentes. Isso mesmo! O famoso bem casado foi substituído por uma caixinha branca, enfeitada com fitas coloridas e um pingente de elefantinho transparente. No cartão, a explicação dos noivos: guarde o elefante para dar sorte e dê muito beijo quente para ser feliz! 

O civil foi lindo! Com troca de alianças e emoção por minha parte! A festa teve todas as características do relacionamento deles, alegria, cores e muita personalidade! Juras de amor, homenagem de um para outro... 

Sempre acreditei no casamento. Alguns podem me achar antiga, mas todos que são próximos a mim sabem que um dos meus sonhos é entrar de braço dado com meus pais na igreja, olhando para um homem apaixonado que me espera no altar e ser feliz com ele para sempre. Sei que as coisas nem sempre são fáceis, que existem momentos tensos, mas também vejo meus pais, juntos durante 29 anos e tenho a certeza de que os momentos felizes superam tudo!

Desejo aos noivos que eles sejam felizes. Pensei em falar alguma coisa para eles, mas ontem a noite, lendo um livro que ganhei no início do ano, achei uma crônica que peço emprestada à autora para desejar que a relação deles seja linda e para sempre! A autora chama-se Martha Medeiros, romancista, cronista e entre outros títulos, uma autora que ganhou meu coração e que me faz companhia em períodos de reflexão. O livro que está na minha bolsa, "Doidas e Santas", apresenta 100 crônicas publicadas em colunas do jornal O Globo e Zero Hora. Segue meu desejo aos noivos:


Casamento Aberto
Martha Medeiros (16 de outubro de 2005)

Andou circulando pela internet um texto creditado a Danielle Mitterrand, viúva do ex-presidente francês François Mitterrand. Pelo teor, acredito que seja mesmo de sua autoria. Quando permitiu que a a amante e a filha que ele teve fora do casamento comparecessem aos funerais, Danielle comprou uma briga com a ala mais conservadora da sociedade francesa. Agora está se defendendo com uma reflexão que serve para todos nós

É sabido que a instituição casamento vem se descredibilizando com o passar do tempo. Hoje, uma relação que dura vinte anos já é candidata a entrar para o Guiness. Li outro dia uma pesquisa sobre os casais mais “divorciáveis” da atualidade. A tal de Paris Hilton era mais cotada para se separar no primeiro ano de matrimônio – erraram: nem chegou a haver casamento. E fora do mundo das celebridades não é muito diferente. Os pombinhos estão no altar, e os amigos, na igreja, já estão fazendo suas apostas para a duração do enlace. Todo mundo quer casar, adora a ideia, mas poucos ainda acreditam no felizes para sempre, e não porque sejam cínicos, mas porque conhecem bem o contrato que estão assinando: com exigência de exclusividade vitalícia, ou seja, ninguém entra, ninguém sai. Difícil achar que isso possa dar certo nos dias atuais.

O casamento vai acabar? Nunca, mas vai continuar a fazer muita gente sofrer se não entrarem cláusulas novas nesse contrato e se as cabeças não se arejarem. Danielle Mitterrand diz o seguinte: “Achar que somos feitos para um único e fiel amor é hipocrisia, conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de amar alguém e depois, com o passar dos anos, amar de forma diferente.” E termina citando sua conterrânea, Simone de Beauvoir: “Temos amores necessários e amores contingentes ao longo da vida”.

Estamos falando de casamento aberto, sim, mas não desse casamento escancarado e vulgar, em que todos se expõem, se machucam e acabam ainda mais frustrados. Casamento aberto é outra coisa, e pode inclusive ser monogâmico e muito feliz. A abertura é mental, não precisa ser sexual. É entender que com possessão não se chegará muito longe. É amar o outro nas suas fragilidades e incertezas. É aceitar que uma união é para trazer alegria e cumplicidade, e não sufocamento e repressão. É ter noção de que a cada idade estamos um pouquinho transformados, com anseios e expectativas bem diferentes dos que tínhamos quando casamos, e quem nos ama de verdade vai procurar entender isso, e não lutar contra. Sendo aberto nesse sentido, o casal construirá uma relação que seja plena e feliz para eles mesmos, e não para a torcida. E o que eles sofrerem, aceitarem, negociarem ou rejeitarem terá como único intento o crescimento de ambos comos seres individuais que são.

Enquanto não renovarmos nossa ideia de romantismo, continuaremos a bagunçar aquilo que foi feito apenas para dar prazer: duas pessoas vivendo juntas. Eu não conheço nada mais difícil, mas também nada mais bonito. E a beleza nunca está  nas mesquinharias e infantilidades. A beleza está sempre um degrau acima.



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